terça-feira, 20 de outubro de 2009

SÍNTESE HISTÓRICA DO MUNICÍPIO




A posse das terras cascavelenses ocorreu em 1694, quando Domingos Paes Botão e seu cunhado, João da Fonseca Ferreira, adquiriram pacificamente a Datta de Sesmaria, que denominaram de Sítio Cascavel. Concedida em 25 de fevereiro de 1694 pelo capitão-mor Fernão Carrilho, sua localização ficava á direita da estrada dos que iam do “Siará” ao Choró, nas terras de Manoel Rodrigues Bulhões, que, com outros, em 1960, conseguiu a sesmaria do fim da várzea do Goiaí ao Choró.Com Manuel Rodrigues da Costa, descendente de Manoel Rodrigues Bulhões, surgiu a cidade, ao redor da capela de Nossa Senhora do Ó.
Cascavel, sendo nome de uma cobra, era, por alguns, aceito a contragosto, dando origem a várias tentativas de substituição. A primeira proposta de mudança foi São Bento, santo protetor contra as picadas do ofídio. No entanto, o nome não se firmou. São Bento passou a ser a denominação da popular feira do município. Dentre as possíveis outras denominações para a cidade, destacam-se: Visconde do Rio Branco, quando se debatia na Assembléia a elevação da vila à cidade, e Paranaguaçu, sugerido pelo desembargador Álvaro Gurgel de Alencar.
Segundo os mais antigos moradores da cidade, o nome teria surgido de viajantes ou comboieiros, em suas travessias do Aracati para Aquiraz e Fortaleza, que descansavam nas sombras dos cajueiros existentes no lugar. Naquela área, antes mesmo da chegada de Domingos Paes Botão e João da Fonseca Ferreira, teriam encontrado cobras cascavéis. Dessa forma, o local tornou-se ponto de referência com a expressão “Passagem da Cascavel”. Este fato teria levado os fundadores a adotar o nome “Sítio Cascavel”.
O desenvolvimento da localidade foi muito beneficiado pela situação geográfica, transformando-se numa vital encruzilhada da rota de comércio entre Fortaleza, Aquiraz e Aracati, e ainda, do fluxo do litoral para o sertão. A barra do Rio Choró era ancoradouro de barcos e escoadouro da produção.
A urbanização foi originada por agricultores, mercadores, missionários, sertanejos, mestiços, comerciantes, comboieiros, caixeiros-viajantes, negros e gente de várias origens e pontos da colônia portuguesa. As secas também contribuíram para o aumento populacional. Grandes levas de retirantes migravam do sertão para o litoral, à procura de terra mais amena e saudável.
Durante o século XVIII, duas grandes obras sacras marcaram o desenvolvimento do povoado: a igreja de Nossa Senhora do Ó, construída pelos parentes de Paes Botão, em 1710, e a de Nossa Senhora da Conceição (Igreja Matriz) que, por volta de 1757, já constava da “relação dos lugares e povoados da Vila São José de Ribamar do Aquiraz”.
Com rios cruzando suas terras e o solo apropriado para o plantio de mandioca e maniçoba, destinadas à produção de farinha e ração animal, Cascavel logo se desenvolveu, tornando-se um centro de produção.
Após a grande seca de 1777, o fluxo comercial entre Aracati e as demais cidades cearenses sofreu enorme redução pela extinção quase total do rebanho bovino e o conseqüente fim do ciclo do charque. Com a criação das charqueadas do litoral do Ceará, no século XVIII, houve a intensificação do tráfego de boiadas, dando lugar ao aparecimento de trilhas, estradas e também pousadas.
Durante muito tempo o “Sítio Cascavel” não passou de um entreposto comercial para o abastecimento e descanso dos mercadores e daqueles que se destinavam, via terrestre, às vilas de Fortaleza, Aquiraz ou Aracati. Os produtos de Cascavel, como a farinha de mandioca, a goma, o couro de gado, a rapadura, o mel de engenho e as frutas tropicais, logo saíram das margens da cidade pela Estrada Real, uma precária ligação entre Pernambuco e o Maranhão, que cruzava o futuro município de Cascavel. O porto de Barra Nova, na foz do rio Choró, servia de escoadouro da produção, via marítima. Dali também desembarcavam sal e peixe seco entre outros produtos vindos de diferentes regiões.
Em 06 de maio de 1833, por deliberação do Conselho Provincial, reunido sob a presidência de José Mariano d’Albulquerque Cavalcanti, então presidente da província, o “Sítio Cascavel” foi elevado à categoria de vila. Com o desmembramento das terras de Aquiraz e de Aracati, nasceu o município de Cascavel.
Com a instalação da Câmara Municipal, rapidamente foram instalados cartório, correios, comarca, cadeia pública, guarda nacional, intendência, estação telegráfica, coletoria, escolas públicas, boticário, mercado público, dentre outros estabelecimentos comerciais.

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